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Alimentar o mundo preservando o ambiente

Os agricultores europeus têm condições para dar resposta à necessidade de aumentar a produção mundial de alimentos em 60%, até 2050, e consideram que a melhor via é a intensificação sustentável da agricultura. Tema central do Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa (FFA), realizado em Lisboa, a 8 de Outubro, com a co-organização da Syngenta.

 

Cerca de 400 especialistas estiveram reunidos no Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa (FFA), em Lisboa, a 8 de Outubro, para debater o maior desafio da actualidade: produzir mais alimentos, preservando o ambiente. Desta reunião resultou «um conjunto de opiniões fundamentadas que possibilitam que cada vez mais o sector agrícola se posicione também como um sector ambiental», concluiu a organização do FFA.

 

O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, que encerrou o evento, sublinhou a pertinência do FFA e o importante contributo deste debate para o desenvolvimento das políticas públicas. Francisco Gomes da Silva lembrou o «crescente reconhecimento público da agricultura em Portugal» e disse que «os agricultores estão a usar cada vez mais tecnologia sustentável do ponto de vista ambiental», dando o exemplo da «agricultura de regadio, onde a eficiência do uso da água aumentou em mais de 30% na última década».

 

O governante enunciou o desafio de «encontrar formas de valorizar os recursos naturais da floresta, cujo maior estrangulamento é a deficiente estrutura fundiária nas regiões Norte e Centro do país, uma reestruturação que demorará mais do que uma década a pôr em prática». Francisco Gomes da Silva defendeu que «cabe aos produtores uma parte do esforço para que o mercado reconheça o uso sustentável dos recursos» e ao Estado «ser catalizador de práticas que conduzam à conservação dos recursos».

 

Thierry de l’Escaille, secretário-geral da Organização Europeia de Proprietários Rurais (ELO), uma das entidades organizadoras da FFA, disse que o objectivo deste Fórum «é descobrir novas formas de aumentar a produção e ajudar as economias portuguesa e europeia, reflectindo sobre como aplicar tecnologia que leve à sustentabilidade» e deixou uma crítica às «políticas europeias que, por vezes, não olham para as oportunidades de mercado com vista a alimentar a população mundial crescente».

 

 

 

The good growth plan

 

Alain-Dominique Quintart, responsável de relações institucionais da Syngenta, empresa que co-organiza o FFA com a ELO desde a primeira edição há sete anos, defendeu «que a agricultura pode ser intensiva mas sustentável, uma ideia profundamente enraizada na Syngenta». A este propósito deu a conhecer o “The good growth plan”, um projecto anunciado no final de Setembro, através do qual a Syngenta assume, a nível internacional, seis compromissos, até 2020: 1) ajudar a aumentar a produtividade média das culturas agrícolas em 20% sem usar mais terra e água; 2) melhorar a fertilidade de 10 milhões de hectares de terras aráveis; 3) aumentar a biodiversidade em 5 milhões de hectares de terras; 4) ajudar 20 milhões de pequenos agricultores a duplicar a sua produtividade; 5) treinar 20 milhões de agricultores a trabalhar de forma mais segura e 6) garantir condições de trabalho mais justas em toda a cadeia de fornecedores da empresa.

 

 

Novos mercados, novas formas de produção

 

No painel “Visão Global: Novos mercados, novas formas de produção e desenvolvimento económico” foi recordado que mais de um sexto da população mundial não tem acesso a água potável. Barun Mitra, especialista em direito da propriedade, questões ambientais e agrícolas, do Liberty Instituto de Nova Deli, Índia, recordou que «agricultura é sinónimo de pobreza nos países onde o uso da água é ineficiente, dando o exemplo da Índia, onde 50% da população depende da agricultura, mas consume mais de 80% da água disponível».

 

Sobre novos mercados, Bernardo Pacheco de Carvalho, professor associado do Instituto Superior de Agronomia, disse que «a Europa só poderá potenciar a sua capacidade excedentária se se abrir ao mundo, potenciando as ligações com África, a América Latina e os países dos trópicos». João Lé, Administrador da Portucel Soporcel Florestal, recordou que nos últimos anos em Portugal dois em cada três empregos foram gerados no sector agroflorestral, e deu o exemplo de produtos inovadores gerados no sub-sector das florestas: embalagens à base nas fibras naturais, biotêxteis, biocompostos ou papel inteligente.

 

 

Nova PAC, verde mas polémica

 

Os agricultores terão de aumentar a produção mundial de alimentos em 60% até 2050 para conseguir alimentar a população mundial, segundo as estimativas dos especialistas. Este é um desafio para a União Europeia e os seus agricultores. Eric Peters, conselheiro do BEPA - Bureau of European Policy Advisers para o presidente da Comissão Europeia, considera que «a única posição da UE é a excelência e a inovação baseada em elevados standards de qualidade», onde se enquadram as medidas de “greening” previstas na futura PAC. Recorde-se que o orçamento da PAC, já aprovado, prevê, até 2020, um investimento de 100 biliões de euros em medidas ambientais aplicadas à agricultura.

 

Eduardo Diniz, director do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, explicou que a nova PAC «remunera os bens públicos ambientais, que são uma boa oportunidade para as explorações agrícolas». Segundeste responsável, o Governo português procurará na distribuição nacional dos apoios comunitários um «equilíbrio entre os sectores com grande produtividade e outros sectores menos produtivos, mas que espalham a sua actividade ao longo de todo o território».

As críticas à nova PAC fizeram-se ouvir pela voz dos proprietários rurais europeus. Allan Buckwell, investigador do Instituto de Política Europeia do Ambiente e especialista do ELO para a reforma da PAC, disse que «temos uma PAC mais pequena, com um orçamento reduzido em 11%», acrescentando que as medidas de greening são «muito fortes em retórica, mas fracas em acção, porque a ambição inicial da Comissão Europeia foi barrada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu». Apesar de elogiar o«papel mais social» da actual reforma, questiona se esta PAC vai realmente contribuir para aumentar a produtividade da agricultura europeia.

 

 

Portugal dá exemplo no uso sustentável dos recursos

 

O último painel do FFA discutiu a produção e uso sustentável dos recursos. Os oradores deram exemplos práticos do que está a ser feito em Portugal. É o caso do projecto europeu Wildlife Estates, que atribui selos de qualidade a zonas de caça onde se promove a conservação dos recursos naturais. Há 40 propriedades certificadas em Portugal com este selo, segundo João Carvalho, secretário-geral da Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC), co-organizadora do FFA.

 

Os exemplos existem também nos sectores das grandes culturas e dos produtos hortofrutícolas. João Coimbra, produtor de milho no Ribatejo, demonstrou como aumentou a rentabilidade da sua exploração através de uma gestão mais eficiente do uso da terra e da água e como está reduzir emissões de CO2 em 40%, para compensar as emissões geradas pela rega, através de painéis fotovoltáicos para produção de energia eléctrica. Da mesma forma demonstrou como é possível promover a biodiversidade através da instalação de margens multifuncionais como as margens Operation Pollinator «É possivel conciliar empresas intensivas e ambientalmente sustentáveis», garantiu este agricultor.

 

No Alentejo pratica-se horticultura intensiva no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, integrado no perímetro de rega do Mira. Diversas empresas comprovam ali diariamente que agricultura e ambiente são compatíveis e financeiramente viáveis, exportando milhares de toneladas de produtos hortícolas e flores para cadeias de supermercados em toda a Europa, que lhes exigem certificação com referenciais de qualidade e ambientais. «Produzir dentro de um parque natural é para nós uma mais-valia», garante Paul Dolleman, Presidente da Associação de Horticultores do Sudoeste Alentejano (AHSA).

 

No sector da floresta, Portugal tem mais de 120 mil hectares certificados com FSC, um selo internacional que atesta uma gestão florestal sustentável. António Gonçalves Ferreira, presidente da União da Floresta Mediterrânica (UNAC), lembrou porém que estes investimentos só são viáveis «se valerem a pena em termos económicos, e para tal precisamos de instrumentos políticos para os pôr em prática». A UNAC é co-organizadora do FFA Lisboa.

 

Paula Sarmento, presidente do conselho directivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), reconheceu que é necessária a «especialização de territórios para agricultura intensiva e outros que servirão para conservar a biodiversidade», considerando que a certificação da gestão florestal é uma ferramenta para aumentar a produção florestal, mantendo a biodiversidade.

 

A próxima edição do Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa está já agendada para 1 de Abril, em Bruxelas, tendo como tema central o acordo de livre comércio entre a União Europeia e os EUA

 

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